Quando as emoções comandam a fome
- daniadamipsicologa
- 12 de ago. de 2024
- 3 min de leitura

O desejo surge mesmo na ausência de necessidades energéticas e nutricionais, a fome emocional é súbira e urgente, tem um alvo específico e não é saciada com qualquer alimento, aparece em forma de desejo.
A fome emocional nunca vai pedir um prato de legumes ou uma salada. Normalmente ela pede comidas pobres em nutrientes e muito calóricas, como doces ou alimentos ricos em gorduras saturadas, o que hoje em dia se denomina “junk food”.
Quando você começa a perceber que está com fome, sabe, mais ou menos, a quantidade de comida que vai precisar comer para se saciar. Quando se trata de fome emocional, você pode começar a comer sem parar, até se sentir extremamente cheio. Assim, a fome emocional tem um inibidor sobre as sensações de saciedade, fazendo com que nos sintamos cheios apenas após termos comido mais que o necessário, é insaciável.
Ela “preencher” um vazio, um vazio que não está exatamente no estômago. Ela aparece em resposta a um mal-estar emocional e em lugar de investigar esse mal-estar, acaba enterrando-o embaixo de toda essa comida com a qual tentávamos obter algum alívio. Um alívio que será momentâneo e que vai durar enquanto a digestão estiver sendo feita; mas ela não é interminável. Terminada a digestão, se antes estávamos nos sentindo mal, provavelmente depois nos sentiremos pior.
Praticamente ninguém se empanturra de comida acompanhado, é uma espécie de ritual que se faz sozinho. Muitas vezes, a própria solidão é o gatilho. Apesar de também poder ocorrer em eventos sociais, como casamentos ou aniversários, para esconder emoções.
Você sabe que não precisava comer aquele saco de batata frita, aumenta o colesterol, está cheio de gorduras saturadas e, além de tudo, você não estava com fome, mas não conseguiu afastar essa necessidade. É comum que, após o consumo desse tipo de alimento, apareçam a culpa e uma necessidade de autopunição por não ter conseguido manter o controle.
Quando você come para saciar a fome emocional, você age sem refletir muito, de maneira compulsiva. Você vai ao supermercado no corredor das bugigangas e compra tudo o que acha que vai servir como o “prazer do dia”.
Um dia que você tinha que ir trabalhar, mas não foi para ter tempo de ir à academia ou para estudar, no entanto, não teve forças e acabou ficando em casa. No seu interior você sabe que não cumpriu com suas obrigações e pode ser que a ansiedade não demore muito a chegar para fazer companhia. É nesse momento que você vai até a geladeira para pegar aquele doce do qual você tanto gosta para utilizá-lo sob a forma de ansiolítico.
Assim que o doce acaba, você percebe que está se sentido pior ainda: acumulou duas culpas, a de não ter cumprido com a obrigação e a de ter se permitido aquele capricho. Além disso, você percebe que enquanto comia não sentia ansiedade, assim vai até a geladeira para pegar mais um pedaço daquele doce, e repete o processo mais uma e outra vez até se sentir muito muito cheio.
O prazer vai sendo adquirido ao longo da vida e pode-se descobrir outros prazeres, a gente quer tudo em excesso e quer ter equilíbrio. A questão é: qual é o limite, quando eu farei essa escolha. Quando temos vontade e não comemos, vai acumulando ela e daí vem com tudo sabe?



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