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Compulsão alimentar

  • daniadamipsicologa
  • 8 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura
"Uma senhora idosa observa uma menina que está com um biscoito na boca. A menina parece estar no meio de uma mordida, enquanto a senhora olha atentamente para ela, como se estivesse refletindo ou preocupada."

O comportamento alimentar no transtorno da compulsão alimentar periódica é caracterizado pela ingestão de grande quantidade de alimentos em um período de tempo delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come. Para caracterizar o diagnóstico, esses episódios devem ocorrer pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso.

Quanto aos aspectos psicológicos, o que se observa é que, face à diversidade, a busca de um único perfil psicológico para identificar a personalidade da pessoa obesa parece fadada ao fracasso. As formas de classificação da obesidade são diversas, daí não fazer sentido que um perfil se aplique a todos os obesos. No entanto, em nossa revisão sobre o tema (Pereira & Chehter, 2011), verificamos que a impulsividade, um traço de temperamento, é foco importante de estudos sobre a obesidade e transtornos alimentares, especialmente compulsões.

A impulsividade como traço de personalidade nos dota de espontaneidade e iniciativa, mas quando exacerbada afeta nossa capacidade de fazer boas escolhas. Observa-se isso, geralmente, nos atos impensados, na dependência química, na personalidade tipo borderline (instabilidade afetiva), no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (instabilidade cognitiva), transtorno de personalidade antissocial, sexo compulsivo, transtornos alimentares e transtornos de controle dos impulsos (American Psychiatric Association, 2003).

A perda de controle é a principal característica do episódio de compulsão alimentar em detrimento de outros aspectos como a quantidade de alimento ingerido, a velocidade e o tempo. Estes são critérios um tanto inconsistentes, dado que não existem informações sobre os valores ideais para a velocidade e a quantidade de alimentos ingeridos. Por definição, a falta de controle sobre um ato está ligada à impulsividade, tanto que há a proposta de uma nova terminologia: “Transtorno do comer impulsivo”.

A compulsão alimentar também é acompanhada por sentimentos de angústia subjetiva, incluindo vergonha, nojo e/ou culpa.

Em termos dos componentes psicológicos do transtorno, os pacientes com TCAP possuem auto-estima mais baixa e preocupam-se mais com o peso e a forma física do que outros indivíduos que também possuem sobrepeso sem terem o transtorno (Zwaan;1997)

O TCAP pode ser distinguido da BN em alguns pontos. Os portadores de TCAP costumam apresentar índice de massa corporal (IMC) superior aos portadores de bulimia nervosa (Geliebter, 2002). Além disso, a história natural da BN geralmente revela a ocorrência de dietas e perda de peso, enquanto que os comportamentos prévios do TCAP são mais variáveis (Striegel, 2001). Assim, pacientes com BN mostram maiores níveis de restrição alimentar comparados aos portadores de TCAP (Grilo, 2000)

O estresse é um fator que pode levar ao aumento das compulsões alimentares. Durante situações estressantes, o cortisol é liberado estimulando a ingestão de alimentos e o aumento do peso.

A etiopatogenia dos transtornos alimentares (TA), de uma forma geral, é complexa e pouco entendida. Com relação ao TCAP, vários fatores podem estar envolvidos na sua gênese, incluindo os demográficos, socioeconômicos, genéticos, psicológicos, ambientais e individuais. Estudos sugerem que eventos na infância possam contribuir para tais distúrbios. Embora seja reconhecida a taxa de heritabilidade maior que 50%, ainda é difícil especificar causalidades, mesmo com os estudos orientados diretamente para os aspectos ligados à origem do transtorno já realizados.

Outro aspecto observado foi o relacionado à transmissão familiar da obesidade. Esses pesquisadores acreditam que a obesidade pode ser transmitida tanto por fatores genéticos quanto estilo de vida.

A insatisfação corporal em mulheres obesas está relacionada muito mais com a presença de TCAP do que com o próprio excesso de peso. Esse resultado pode ser considerado como um reflexo de fatores psicopatológicos relacionados ao TCAP, tais como: baixa auto-estima, depressão, preocupação extrema com a aparência, e não com o peso corporal.

A condição de ansiedade causada pelo estresse tende a buscar de alimento como conforto, numa tentativa de atender a necessidade energética da rede de resposta de estresse crônico. Tais mecanismos podem explicar a epidemia de obesidade ocorrendo muitas vezes nas sociedades humanas. O estado de estresse é uma situação em que o trabalho orgânico se encontra aumentado, em relação aos períodos isentos de ação de estressores, sendo compatível com o aumento da gliconeogênese hepática e, portanto, com a elevação da glicemia, que é acompanhada do aumento da insulina. Dentre suas diversas funções, o cortisol modula a liberação de hormônios e ativa sistemas de neurotransmissores e moduladores.

Você está se punindo porque?

Todos tem compulsão, mas tem que lidar com o controle.

 
 
 

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